ADVOGADO DO DIABO ?
Não é raro, quando participo de encontros e daquelas OTs (orientações técnicas) de Língua Inglesa, me deparar com colegas dizendo em meio a tantas blasfêmias, frases do tipo: “ ...esses caderninhos (apostilas) são uma porcaria” ou “ ...não atendem às necessidades dos alunos” ou ainda “ ... estão fora da realidade do aluno da rede pública”.
Há aqueles que pensam que meu posicionamento amistoso e simpatizante a cerca do novo currículo da Rede Estadual para Língua Inglesa, bem como a implantação dos cadernos unificados dos alunos e professores, soe como um discurso um tanto quanto institucionalista e demagogo, diante de tantos entraves para se ensinar Inglês no atual panorama.
Mas quando ouço esses discursos imbuídos de autodefesa, se é assim que posso classificá-los, pergunto-me: Em quais parâmetros de comparação esses materiais foram postos à apreciação, se até outrora não tínhamos nada ao que comparar?
Neste contexto de discordâncias e incoerências , entendo que, talvez o que realmente exista seja um despreparo para se trabalhar com novas sequências didáticas e conteúdos contextualizados, que muitas vezes, ferem os limites de nossa formação inicial, nos fazendo crer que aquilo que já ensinávamos era melhor e mais acessível ao aluno, do que esse novo currículo da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo consegue fazer.
Será mesmo, que as referências teórico - cientificas, nas quais os técnicos se debruçaram ,assim como os eixos temáticos nos quais as apostilas de Inglês foram inspiradas e formatadas, são tão desconexos da nossa realidade? Ou será que elas nos deixam reticentes e hostis, diante da perda da “zona de conforto” que até então nos encontrávamos?
Entendo, que o professor de Inglês no contexto e uso do novo currículo, além da postura de transmissor de conhecimentos e conteúdos fechados, deva assumir o papel de pesquisador constante, de abordagens e temas, que recorrentemente fogem de nossos hábitos de estudos cotidianos, mas que se aproxime mais do nosso objeto de estudo, que são a aprendizagem da língua Inglesa e os desafios a serem transpostos para sua efetiva difusão no espaço escolar e extra-escolar .
Por isso, não me entendam mal, aqueles que defendem um posicionamento contrário, mas acho que deveríamos poupar e mobilizar nossas energias docentes para estudos mais ancorados em assuntos mais científicos, do que aqueles que se proliferam no senso comum. E que com isso, possamos sim, expor nossas impressões a cerca de tudo que acontece na educação como um todo, através de um discurso mais refletido por um repertório substancialmente autêntico e fundamentado.
Todos sabemos das dificuldades enfrentadas por professores, em especial os de Inglês, no contexto da rede pública estadual, mas só através da melhoria de nossa formação e empenho, poderemos resgatar o “status” de respeito, enquanto profissional formador, que há muito não se vê.
O currículo pode ainda não ser ideal, e muito há para ser melhorado, mas negar que sua implementação tenha sido positiva, é afirmar que somos incapazes de lidar e moldar o novo a nossa realidade, as nossas necessidades docentes e discentes.
PROF. WILLIAM CESAR KOPP NOVAES / PÓS-GRADUANDO - UNESP